O berço da alta costura e da moda mundial deu um grande passo jurídico. O processo legislativo francês acabou de aprovar uma lei que impede que revistas publiquem fotos editadas, sem que elas venham explicitamente informadas que foram editadas via software de computador ou app de celular.
Parece um grande exagero por parte do legislativo francês se preocupar com uma firula como essa, não é mesmo? Qualquer cidadão comum tem a plena capacidade de perceber que uma foto foi editada digitalmente, mas parece que a história não é bem essa…
Se surgiu a necessidade de regrar e estipular o assunto é porque o bom senso não estava prevalecendo.
O problema estava justamente no fato de que modelos, cujo padrão de beleza já é fora do comum, tinham suas fotos alteradas, modificando um biotipo físico já fora do comum, tornando-o impossível de ser alcançado.
Obviamente mulher maravilha e super-homem não existem. Todavia, nem todos conseguem compreender isso. O corpo perfeito só existe na cabeça das pessoas ou com o auxílio de equipamentos que modifiquem imagens.
A Legislação prevê penas severas às revistas que não informarem que as fotos foram modificadas. As fotos alteradas ou praticamente refeitas via photoshop deverão conter expressamente que foram modificadas, sob pena de multa em caso de violação no valor de 37.500 euros.
A nova lei que só entrará vigor em outubro do ano corrente prevê ainda que as agências de modelos submetam todos seus modelos a exames periódicos de 2 em 2 anos. Os castings serão então formados por modelos saudáveis, cujo IMC (Índice da Massa Corporal) estejam adequados de acordo com a Organização Mundial de Saúde. A agência de modelos, marca ou veículo que não cumprir a legislação poderá ser multada em até 75.000 euros e, dependendo do caso, seus responsáveis podem pegar até seis meses de prisão.
O fator determinante para a elaboração, votação e aprovação da nova legislação foi que o número de franceses com anorexia está altíssimo.
Belezas irreais, anormais e perfeitas, consciente ou inconscientemente, levam todos a buscar padrões inimagináveis, inatingíveis e fora do comum. Isso, nos dias atuais, torna-se inadmissível. Em um mundo globalizado, que cada vez mais prioriza diferenças, minorias e peculiaridades, a padronização e homogeneização do ser humano por meio de estereótipos é uma grande tolice.
A França iniciou algo que, em breve, se alastrará ao globo todo e esperamos que isso não demore.
Quando será que o assunto chega ao Brasil?