Se pudermos escolher uma peça, uma cor, um padrão ou até mesmo uma estampa que seja unânime do guarda-roupa dos homens, algo que todos eles tenham, sem exceção, certamente seria o listrado. Em forma de padronagem (fio) ou estampa (tingimento), sem dúvidas o listrado está presente em todos os estilos e épocas desde o mais básico, clássico ou casual ao mais irreverente que se pode existir. Camisas sociais, pólo, blazers, t-shirts, casacos, regatas… Todo mundo tem, de alguma forma, em alguma peça ou em alguma cor.
Essa foi uma pesquisa que fiz informalmente perguntando aos meninos, rapazes e homens o que não falta em seus guarda-roupas. Comecei essa indagação ao observar, em meu próprio guarda-roupa, o que eu mais tinha de igual. E adivinhem? O listrado e o xadrez foram os que eu mais achei. Mas, sem dúvidas o listrado ainda é mais democrático e consegue passear por diversos estilos sem descaracterizar nenhum deles. E foi aí que eu percebi que de igual, não tem nada! Então comecei a pesquisar sobre o assunto e descobri algumas curiosidades sobre o surgimento desse padrão que certamente muitos não sabem!
A história é bem antiga, e os homens já observavam esse padrão de duas cores na própria natureza. Os animais são os indícios mais antigos que eu encontrei se tratando de um padrão de duas cores. Zebras, girafas e até mesmo dinosauros (acreditem no que quiserem) apresentavam –e apresentam- uma pele que serve de camuflagem em alguns casos. E, no final deste post, você vai perceber que as listras nada mais são que uma camuflagem também. Certamente foi dessa observação que os primeiros homens começaram a se vestir como eles – os animais- para então chegarmos ao que nos vestimos hoje!
Mas esse post trata de um resumo da história das listras. Se formos esmiuçar fato por fato, certamente ao assunto caberia um livro, e já temos livros sobre. “The devil’s cloth of stripes” é o livro que registra o fato mais antigo que envolve a padronagem em vestes. Foi em Paris (claro, tinha que ser), no ano de 1254, quando religiosos recém chegados de Jerusalém entraram na cidade com vestes listradas de branco e marrom, em referência ao profeta Elias que representava para eles força e resistência, então o padrão era usado como um símbolo de proteção. Foi um insulto, no entanto, pois o padrão estava associado aos países islâmicos na Europa, então os religiosos foram considerados hereges e quiçá mortos (vai saber!). O registro mais cruel foi um clérigo condenado à morte em 1310 por estar usando vestes listradas!
Na sociedade sempre existiram regras que estão no subconsciente coletivo, e naquela época essas regras era ainda mais fortes e cruéis. As listras representavam divisão, contraste, marginalidade. Pense bem: se o puro é representado pelo liso, reto e cores claras, o listrado, só pode representar o oposto disso. Não à toa, na idade média, foram criadas leis do vestuário (chamadas de leis suntuárias) que, entre outras normas, proibiam o uso de vestes listradas pela sociedade. E o padrão só era colocado àqueles que estavam à margem dela, sejam os criminosos, devedores, prostitutas, etc. Na literatura medieval, por exemplo, o herói é sempre aquele que está em um cavalo branco, e o traidor, sempre em um cavalo malhado (manchado, listrado).
Também não à toa, o uniforme listrado vestiu presidiários, bobos da corte e judeus (assista so filme O Menino do Pijama Listrado). Os significados foram mudando com o tempo, e assim, as listras verticais passaram a ser usadas com exclusividade pela aristocracia e as horizontais, pelos serviçais. Seus significados continuaram mudando ao longo da história, e com a evolução da sociedade –e do vestuário- a listra passou a ser usada em roupas de banho, roupas de dormir e principalmente em roupas íntimas (uma vez que o listrado ficava em contato com as partes consideradas sujas e vergonhosas do nosso corpo). Foi aí que virou uniforme do proletariado, até chegarem aos uniformes dos presidiários, malandros e marinheiros miseráveis.
E é aí que a história muda do avesso…
Foi quando Coco Chanel, observando esses uniformes na década de 20 resolveu se inspirar e criar roupas para si mesmo com esses padrões. Chanel, para quem não sabe, foi uma das estilistas que mais revolucionaram a história do vestuário feminino trazendo inovação, libertação e inversão de valores antes nunca experimentados por nenhuma outra mulher (assista ao filme Coco Antes de Chanel)! A história é conhecida, e o resultado você já sabe…
Atualmente não há uma temporada de Fashion Week que o listrado não enfeite alguma passarela, uma estação que não esteja nas araras das lojas (das mais populares às mais luxuosas!) e um guarda-roupa (seja masculino ou feminino) que não tenha pelo menos uma peça listrada!
Vale ressaltar que o significado das listras aqui explicado brevemente, varia de acordo com cada cultura, costumes, tempo e sociedades. E seu significado no vestuário embute o que o listrado significa no psicológico, e não o oposto. No design gráfico, por exemplo, o padrão é usado com outros motivos, e aí por diante. Mas, de forma geral, o listrado, sem dúvida é padrão mais usado, mais democrático, mais cheio de significados e, sem dúvidas, o mais cheio de história que o vestuário pode ter. Agora, antes de escolher aquela peça listrada, pense quantos presidiários, judeus, religiosos, trabalhadores, animais, malandros e peças Chanel você vai carregar consigo! Risos.
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