Foram 2 longos anos de pandemia e tava o quê? Todo mundo esperando aquele mundo romântico, bucólico e com novas tendências de lifestyle com homewear, slow fashion e slow food. Realmente a pandemia tinha chegado em nossas vidas para trazer uma lição e fazer o ser humano melhorar.
A vez já não era mais das fast fashions. O local, o pequeno e o trabalho artesanal de pequenas marcas estavam ganhando relevância. Mas eis que surge um predador novo. Sim, o predador de todos os predadores. A gigante das fast fashions. A Shein.
Com preços aviltantes, produtos de qualidade (ou não), entrega rápida e grande quantidade de numeração, modelos mil e com uma ampla gama de produtos. Impossível não se iludir. Tanto é fato que pipocou “criador de conteúdo” mostrando achados da Shein, comprinhas da Shein, ou, fazendo referências às peças da marca.
Estaria o modelo das fast fashions ultrapassado (tanto que a receita de empresas como Zara e H&M só caíram nos últimos anos de acordo com o Business Of Fashion), mas não o modelo da ultra-fast-fashion.
Zero transparência do dragão chinês. Com sede na China, ninguém sabe onde realmente ficam as fábricas que produzem as peças. Por meio, de jornais e agências de notícias sabe-se que ela terceiriza a produção em países cuja legislação trabalhista é flexível.
Todo dia a plataforma de vendas é atualizada com mais de 1000 produtos. Produtos cuja qualidade e durabilidade é baixa. E, com razão, são feitos para um único uso e serem descartados. Com a concepção de modinhas ultrarrápidas e para ocasiões específicas, é melhor você comprar novas peças do que ter que lava-las, seca-las e passa-las. E quando lavadas liberam mais micro plástico que o normal nas nossas águas, afetando o ecossistema de fauna e flora mundial.
Sem falar que a gigante atende 250 países, incluindo o Brasil e que em todos eles há política de troca. Logo, provavelmente as pessoas trocadas e usadas são descartadas, pois é mais barato produzir uma nova que revisa-las. E para onde vai tudo isso?
Muitas peças, fruto do excesso do nosso consumo, ficam acumulando poeira em armários. Já outras vão parar no maior descarte têxtil do Mundo, o deserto do Atacama.
O lixo, o consumo desenfreado, produção com trabalho análogo à escravidão, tudo isso preocupa.
A sua “brusinha” de hoje é o problema do amanhã.
Oh! Oh! A Shein só cresce e isso não é nada bom. Ela já abocanhou boa parte da parcela de consumidores do Mundo. Já domina o setor têxtil em muitos aspectos. E a gente se ilude fácil… Quem que não olha para aquele monte de peça do site, que são trocadas a cada 90 dias, naqueles preços quase de graça e que se você fosse pagar o real valor talvez nem conseguisse ter. O golpe tá aí cai quem quer.
Estamos indo para o buraco e não estamos fazendo nada para mudar isso. Não temos 2 planetas: com um só para colocar lixo.
E o nosso semelhante como fica? Ele pode trabalhar em troca de comida para o nosso luxo de consumo. A nossa indústria têxtil que é o terceiro maior empregador fica como? Já pensou todo esse povo dessa cadeia produtiva desempregado?
Luxo e lixo se confundem e isso que a Shein faz com a nossa cabeça. Seduz e dá vontade de comprar. Se devemos, aí vai de cada um.
Gostei muito dessa reflexão. Eu não comprei nada nessa empresa ainda. Mas o consumismo realmente tem esse poder de nos magnetizar.
Boa semana!
Até mais, Emerson Garcia
Boa semana Emerson