Como já estamos dizendo e reiterando aqui, o Mundo Pós-Covid não será mais o mesmo e muitos processos dentro da cadeia da moda, que aconteceriam naturalmente, ganharam um empurrãozinho e foram acelerados.
A questão da sustentabilidade que caminhava com passos de formiga e sem vontade, de repente, ganhou uma notoriedade até então inimaginável. Mais que óbvio que muitas coisas vão levar um bom tempo para acontecer, ainda mais em se tratando de aglomeração, o que inclui os desfiles.
Por um bom tempo acredito em desfiles com as portas fechadas, sem público e transmitidos de forma virtual, porém uma hora isso há de passar e logo retomaremos as coisas. Aí entra uma outra questão: a dualidade que estamos vivendo.
Muitos propõem uma mudança total de valores, outros já dizem que tudo voltará a seguir seu curso “normal” como antes. Difícil responder, mas assim outros especialistas têm apontado e como o faturamento da Hérmes na China nos mostrou, acredito que a moda continuará mudando em passos lentos e gradualmente. Nada muito radical.
Com isso, uma hora os desfiles vão voltar no mesmo esquema que já conhecemos. Grandes produções com gastos vultosos para criar um enredo, que deveria ser duradouro na nossa mente e que no final vai tudo para o lixo. Às vezes até é, mas nem sempre. Rios de dinheiro, com muito descarte de resíduos, desperdício de energia e restos de catering. Para quê tudo isso? Causar boa impressão de minutos, acho melhor causar boa impressão mostrando conscientização.
Powww, a gente quer usar cada vez mais materiais sustentáveis na confecção das peças. Poluir o quanto menos e reciclar o quanto mais. Estamos pedindo transparência em toda a cadeia e escolhendo a dedo de quem compra e gritando por maior tempo de vida das roupas.
Por isso, já estava mais do que na hora de questionar o papel dos desfiles, como aconteceu pela primeira vez com o desfile da Saint Laurent em 2020, quando foram medidos os impactos de pouco mais de 10 minutos de desfile na praia de Malibu. Por sinal, devastadores para a praia.
Por isso, a Bureau Betak, empresa que cuida dos desfiles de Dior, Marc Jacobs, Rodarte. Jacquemus e Tommy Hilfilger saiu à frente e é justamente ela que nos deu parâmetros para saber como construir um desfile sustentável em 10 passos.
Segundo a empresa os 10 passos para se fazer um desfile sustentável são:
1- Fazer da sustentabilidade o carro-chefe e acoplá-la ao design e à produção de todos os eventos de moda.
2- Reutilizar todos os materiais utilizados durante toda a produção.
3- Fazer upcycling e redistribuir para dar uma segunda vida à decoração e aos materiais.
4- Classificar e reciclar resíduos.
5- Eliminar o plástico descartável e instalar fontes de água.
6- Oferecer refeições responsáveis e minimizar o desperdício de alimentos.
7- Minimizar o uso de combustíveis fósseis.
8- Viajar com eficiência e reduzir voos não essenciais.
9- Implementar compensação operacional de carbono.
10- Doar 1% por cento em prol o planeta.
E os caras não brincam em serviço, tanto que já até fizeram o primeiro desfile nesses moldes, o desfile de verão da Jacquemus, que foi em meio a uma plantação de lavanda, com luz natural, cadeiras dobráveis fáceis de transportar e com convidados apenas de Paris, para diminuir as emissões de gases que acontecem em virtude das viagens de avião.
Indiscutivelmente, a sustentabilidade é necessidade de condição para a manutenção da espécie humana. Olha tudo que estamos vivendo e passando, O planeta pede socorro. E cabe a uma das indústrias que mais gera divisas estar atenta aos anseios da sua época.