De todos os movimentos que influenciaram a moda e permanecem com elementos vivos até hoje, o punk certamente lidera o topo da lista. Foi embasado em ideias anarquistas e revolucionárias, que um grupo marginalizado conseguiu se estabelecer na sociedade influenciando, não só a moda, mas o comportamento, a atitude e claro, a música. A principal exposição do ano no The Metropolitan Museum of Art de Nova York, oficializou a importância do punk na moda de 2013. Com o nome de “PUNK: Do caos à alta-costura” a mostra fala da importância desse movimento para a moda e foi uma das mais importantes exposições do ano em todo o mundo. O punk reviveu seus dias de glória este ano nas capas das principais revistas de moda e passarelas da temporada.
A década de 1970 foi o momento, e a Inglaterra e os Estados Unidos, o cenário. Os personagens, jovens do pós guerra, inconformados com as ideologias e de uma sociedade conservadora da época e descontentes com o contexto social e econômico de muitos países. Em oposição aos hippies, que pregavam a paz e o amor, os punks usavam da rebeldia e do inconformismo para incomodar e debochar através, principalmente, da moda e da música. Aliás, nunca antes moda e música tiveram uma sintonia tão grande como no movimento punk. Claro que a junção impecável se deve pelo fato dos grandes dois representantes terem sido casados, e responsáveis por ter construído a identidade do movimento e levá-lo da subcultura ao mainstream. Talvez, se não fossem Vivienne Westwood e Malcolm McLaren, o movimento punk teria continuado a ser considerado arruaça jovem por grande parte da sociedade, e nunca teria sido entendido e celebrado nos dias atuais.
Malcolm McLaren foi empresário da Sex Pistols, banda de punk rock que talvez melhor representa com sua música rápida de poucos acordes, e junto com The Clash, conseguiram traduzir com maestria todos os ideais do movimento, consideradas um marco para um novo estilo musical eminente, influenciando tantas outras bandas até nos dias de hoje. Westwood, mulher de McLaren, fez parte do movimento punk e, com sua visão empreendedora, abriu uma loja para que, sobretudo, os integrantes das bandas pudessem se vestir. Elementos fetichistas como a borracha e o couro, eram presentes nas peças da estilista, assim como o jeans destroyed, os rasgos, correntes, aplicações, spikes e, claro, estampas ousadas , contestadoras e irreverentes. As roupas eram tão ousadas para a época que há relatos de que a vocalista da banda Siouxsie and the Banshees foi presa várias vezes apenas por estar usando essas roupa nas ruas.
No Brasil, o punk também chegou para contestar a repressão violenta do regime militar e a censura, ainda restos da ditadura. As facções espalhadas por São Paulo e toda a revolta ao contexto social e político da época, culminou num festival que teve o nome de “O Começo do Fim do Mundo” e reuniu mais de 20 bandas de punk rock nacionais e exposições de vinis e de mídia alternativa, criadas para propagar os ideias do movimento (chamadas de fanzines).
O punk deixou de ser uma subcultura e influenciou toda a sociedade anos depois, grande parte devido à visibilidade que a moda trouxe ao movimento, sem contar nos diversos estilos musicais e bandas que surgiram posteriormente ao estouro de 1970. Vivienne Westwood, claro, foi a que soube melhor traduzir o estilo para as passarelas (ninguém melhor do que alguém que fez parte disso), o que é muito contraditório, uma vez que os punks eram anti-moda (assim como anti-capitalista, anti-militarista, antirracista, entre tantos outros “antis”). Mas como até os anti-moda usam a moda para se manifestar, foi aí que a descobriram como uma grande aliada. O estilo que eles abraçaram era condizentes às ideologias que propagavam, e entenda como estilo a expressão de um ideal individual e/ou coletivo.
Tatuagens e piercings ajudaram a construir a imagem do indivíduo punk, assim como penteados e colorações diferenciadas nos cabelos. As roupas, em sua maioria customizadas e compradas em brechós, eram reflexo do desemprego que atingiu os jovens da época. Spikes, correntes, alfinetes, animal print em detalhes, peças tingidas e grafitadas e frases de efeito em camisetas. Também peças feitas em vinil, couro e borracha, coturnos Dr Marten e Creepers nos pés, kilts e o uso de símbolos como a caveira eram recorrente no que veio depois a ser chamado de “estilo punk” e tão propagado nos “looks-do-dia-com-camiseta-podrinha” atualmente. Estilistas de todos dos períodos e países foram influenciados pelo punk: Chanel, Marc Jacobs, Givenchy e Alexander McQueen, só para citar os mais conhecidos. No Brasil, Alexandre Herchcovitch foi influenciado desde o início de sua carreira, quando ainda fazia roupas para travestis. A caveira é sua principal marca, além das desconstruções e shapes que sempre aparecem em suas coleções.
A influência punk na moda aparece não só em coleções das principais semanas de moda, mas também na moda de rua, na loja da esquina da sua casa, da 25 de março ao Mercadão de Madureira (mercado popular carioca). Toda essa explosão de spikes que (ainda!) estamos vendo em grande volume nas ruas usados por pessoas que nem sonham o porquê daquela estampa de caveira ou da Rainha em “God, Save The Queen”, do jeans detonado na perna da calça, ou nas aplicações de spikes nas sapatilhas e tênis, golas e bolsos das camisas. Falar que o punk foi uma tendência em 2013 é errado, se considerarmos que os elementos que ele deixou para a moda podem ser usados e voltar a qualquer momento, independente de certo estilista apostar ou não naquilo para a temporadas.
Sex Pistols principal representante? E o The Clash?
Viviene Westwood começou com a sua boutique, chamada Sex, em Londres, vestindo as bandas Siouxsie and the Banshees e Sex Pistols.
´Sex Pistols, principal represente do movimento punk na música´
Está escrito ´na música´. Leia direito.
“(…)Sex Pistols, banda de punk rock que talvez melhor representa com sua música rápida de poucos acordes, e junto com The Clash, conseguiram traduzir com maestria todos os ideais do movimento”.