Shein, até ontem uma desconhecida. Hoje a queridinha da blogueiragem, dos youtubers e “supostamente” criadores de conteúdo.
Se você nunca se rendeu aos caprichos da gigante fast fashion chinesa, provavelmente já ouviu falar dela. Já virou clichê os influenciadores mostrarem suas comprinhas na Shein.
Bem óbvio que muitos deles foram pagos para dizer o quanto é benéfico comprar produtos por lá. Eles esbanjam uma variedade de opções, com cores, tamanhos e modelagens diferentes. Muitos candidatos a influenciadores, micro ou nano influenciadores para fazer bonito realmente compraram e embarcaram de carona nos vídeos e mostras dos produtinhos da Shein. Pessoal sem criatividade e paga pau. A internet está cheia. O efeito dominó está aí. Bom, cada um faz o que quer. Nada de anormal né, se não fossem os preços.
E os caras são tão organizados que os produtos Made in China chegam antes que o correio do Brasil. São aviões e aviões chegando todo dia aqui.
Ah, o frete é grátis em compras acima de R$50,00 e há looks prontos e montados, você não precisa nem escolher. É fácil demais comprar. Tem para todos os gostos. E vale a pena.
Sim, voltando aos preços, temos que considerar que nossa economia passa por forte recessão e o real está lá em baixo. Mesmo assim compensa.
Quando a oferta é muito grande, desconfie. Quando o santo é demais, desconfie do milagre. E você acha que eu fui o primeiro que desconfiei? Óbvio que não. Todo mundo enxerga, só não quer ver.
A Shein, como uma típica empresa chinesa, não é transparente. Não diz onde estão suas fábricas. Se a mão de obra é infantil. De onde vem a matéria-prima. E quanto fatura. Está estampado na nossa cara que tem algo errado aí. Não existe milagre, alguém está pagando essa conta por você comprar roupinha nova, bonitinha e da moda toda hora.
Ou melhor, a Shein dizia que não usa mão de obra infantil nem escrava até ser questionada pela agência internacional de notícias Reuters.
A Shein se negou a revelar sua receita anual, pois marcas que faturam mais de 36 milhões de libras devem ser totalmente transparentes, porém estima-se que a Shein fature mais de 5 bilhões, ou seja, deveria ser tão transparente quanto suas concorrentes Zara e H&M, por exemplo.
Misteriosamente a Shein também não falou das suas fábricas, onde produz ou dos salários que paga.
Até ser questionada, a Shein se dizia ser certificada pelo International Organization for Standardization (ISO) e pela SA8000. Só dizia. Porque os porta-vozes dessas organizações desmentiram as afirmações da Shein.
Sim, a moda está corrompida em todas as suas esferas. Do luxo ao fast fashion há irregularidades. Ninguém respeita ninguém. Os direitos trabalhistas já eram. A escravidão é comum. Mas quando o produto é caro é mais difícil você identificar isso. Já quando tudo é muito barato pode apostar que há algo errado. E aqui estão esfregando tudo isso na nossa fuça e não fazemos nada.
E passou da hora da gente fazer vista grossa para isso. Do lado de cá empresas quebrando com esses preços. Do lado de lá gente trabalhando em condições desumanas. Horas e horas seguidas sem poder comer, ir ao banheiro e para ganhar miséria. Queria ver se fosse com você. No mundo todo tá esse caos no clima porque lá não tem lei ambiental mesmo.
Não dá para se produzir uma peça nova com preço muito baixo. Não tem milagre. Nós cansamos de falar: “de onde suas roupas vêm?” “Como são feitas?” Etc.
Fora toda essa questão, tem as inúmeras acusações de plágio. Pudera né, a China cresceu e se desenvolveu em cima da pirataria.
Por isso, antes de comprar, postar e achar que está fazendo bonito, pense. Pois, na realidade você é um grande babaca, pois fast fashion está em baixa, começa por aí. Se você entende de moda sabe que brechó e upcycling são tendência.
Se você curte moda tem a noção de que tem gente que rala muito, por isso dê valor a cada peça e a cada centavo gasto. A Shein é um perigo para nossa economia e para a liberdade de inúmeros trabalhadores da cadeia têxtil. Pense nisso!!!