Pós-São Paulo Fashion Week, a indagação é sempre a mesma. O que vai usar? Quais as tendências? O quê está em alta? O quê sofreu baixa?… E são essas indagações de colegas, leitores e amigos que me fez questionar qual é a cara da moda masculina nos tempos atuais?
Eu poderia falar em 2018. Sim e ao mesmo tempo não. Sim, porque, com certeza, o ano de 2018 faz parte desse contexto, porém a moda perpassa as noções de tempo de um calendário. Por isso, algumas tendências podem durar tão pouco tempo ao ponto de nem serem notadas ou serem tão duradouras ao ponto de transpassar meses, anos ou até chegar a uma década.
Não podemos querer aqui ser a mãe Diná, a nossa função é outra.
Mas e ai como você definiria a moda masculina atual? Ou, melhor, quais suas características? O que seria a cara da moda masculina nesse momento?
Basicamente a moda atual é feita de 3 itens principais: sustentabilidade, minimalismo e genderless.
Se não tem os 3, pelo menos 1 deles toda marca de renome na atualidade tem.
Por isso, vamos destrinchar um a um por aqui, confira:
Sustentabilidade
Esse é um assunto global. Ele vai além da moda e tem dado muita dor de cabeça a grandes empresários por aí. Cada vez mais se questiona os métodos de produção de peças de roupa. Conceitos novos surgem. O assunto da pauta de hoje é: Você sabe de onde vem o que você veste? Como é produzido? Quanto custa a produção?
Cada vez mais os consumidores se preocupam com o que consomem. Quanto foi gasto de água. Qual o tipo de mão de obra. Qual foi a cadeia produtiva, etc.
Assistimos à valorização da pequena manufatura local com o emprego de costureiras e artesãos de pequenos distritos, que ganham condizente com o trabalho que produzem.
Os processos de lavagem gastam menos água. Já os de tingimento são feitos à base de produtos naturais.
Embora, ainda se fale muito e se faça pouco, entramos em um novo contexto e, logo logo, a maioria das grandes marcas terá de se adaptar.
Algumas marcas já trabalham com algodão orgânico e assim vai. Em meio a uma indústria da moda, que é uma das que mais poluem e que desrespeita todo e qualquer tipo de legislação trabalhista, florescem pela iniciativa de nós consumidores os primeiros passos de sustentabilidade.
Minimalismo
Embora a Gucci resgate firulas, detalhes, ornamentos e trabalhe com o diferentão. Cada vez mais nós vemos cortes retos, peça simples e uma moda clean de acessórios ou rebuscamentos.
Não confunda básico com simples. Minimalismo é simples, mas não básico. Minimalismo não trabalha com peças básicas como camiseta branca e jeans, mas sim com peças simples que exigem pouco trabalho na sua produção.
As peças são over e maxi. A estrutura humana some e o que fica é apenas a imaginação.
Genderless
Para quem entende do assunto parece tão simples, né gente? Falar em genderless. Até parece que estou falando de 4 assim como 2+2.
Mas não é assim, você que não é estudante de moda ou trabalha como coolhunter ou é envolvido ao segmento de alguma forma, sabe que na prática a teoria fica difícil.
A moda busca sim o agênero, o gender bender, o genderless ou o sem gênero. Peças tanto para eles quanto para elas. Esse é o nosso contexto atual. Só que precisamos ver se o consumidor está preparado para isso.
Longe das grandes capitais o papo é bem diferente. Eu que sou de uma cidade de interior vejo que as meninas ainda querem exibir as linhas curvilíneas e na hora H os homens ainda têm certo preconceito em vestir roupa que mulher bota também.
Não adianta estar em 2018 se a mentalidade da grande maioria não acompanha, mas gostem vocês ou não, o panorama atual é esse.
Roupas para todos. Homens ou mulheres. Héteros, gays, bis ou trans. Roupas são peças que podem ser usadas por todos. E, por isso, para quê diferenciar?
Esses 3 itens são essenciais a você que deseja entender o contexto da moda atual. Alguns já conhecem outros não. O importante é se situar e entender o contexto de moda que paira nesse momento. E se alguém te perguntar você já sabe o que responder.