Essa semana estava me preparando pra escrever um post, quando me deparo com o seguinte estudo realizado pela Folha de São Paulo: “Pesquisa mostra que garis são ‘invisíveis’ a maioria das pessoas” e me lembrei que quando cheguei na Irlanda, o meu primeiro emprego foi de vendedor de jornal no farol, e o uniforme era bem parecido com os dos garis.
Então achei que esse post cairia bem aqui no MPH.
Já falei aqui anteriormente como se diferenciar usando uniformes escolares e agora vou falar como uniformes profissionais escodem pessoas, vidas e histórias.
Todos nós em algum momento da vida nos sentimos invisíveis, numa festa, no primeiro dia de emprego, etc. Mas essas são outras invisibilidades, passageiras, estou falando aqui de invisibilidade automatizada, dessas que fazem as pessoas andarem de cabeça baixa sem ao menos se darem conta.
Segundo Fernando Braga autor do livro Homens Invisíveis: Relatos de uma Humilhação Social da editora Globo, na maioria das vezes, o gari que limpa nossa cidade só é notado quando falta ao serviço. O ascensorista é tratado como uma máquina que funciona por comando de voz, sem direito a ‘por favor’ nem ‘obrigado’. A empregada doméstica põe o avental, alimenta a família e deixa a casa organizada anos a fio, mas os patrões mal sabem seu sobrenome, se tem filhos, se está com algum problema.
Quando fui instrutor no Senai-SP por dois anos, o jaleco azul era sinônimo de respeito e autoridade, assim como uniformes de médicos, militares, etc. Mas quando veio o de vendedor de jornal, você tem que desviar das pessoas, aguentar crianças mal criadas te xingando e os pais fingindo não ver, tem ainda que desviar dos carros nas avenidas pois realmente existem pessoas que se divertem aterrozidando outras e aproveitam que estão com uma máquina na mao pra sentir esse “doce” poder. Isso me lembrou um vídeo de Pateta que assisti há alguns anos na auto escola:
Os uniformes industriais são realmente desenvolvidos para transformar pessoas em elementos indispensáveis a nossa sociedade, as cores são pensadas de acordo com a necessidade, no caso dos garis por exemplo, o laranja gritante e as faixas translúcidas estão ali para que realmente evitem acidentes de trânsito, onde pessoas apressadas passam, olham mas não veem. Cabe a cada um de nós aprender a enxergar o próximo, com coragem e sem medo!
De início, parece sair um pouco do escopo do site… Mas um olhar mais atento mostra o contrário.
Parabéns Acauan, por não deixar que as coisas se esvaziem de significado! 🙂
Não quero simplificar sua explanação eficiente sobre o valor social do uniforme,mas tenho que dizer: “Enxergar o próximo” e realmente vê-lo. Representou hein, Acauan.