Você sabia que o verdadeiro Chapéu Panamá não foi criado no Panamá, mas sim no Equador?
Seu nome vem do sucesso de sua comercialização na época da construção do Canal do Panamá, no início do século passado. Conheça toda a história:
O clássico Chapéu Panamá tem uma história que se inicia no Século XVI, quando os espanhóis conquistaram o Equador e perceberam que os nativos usavam chapéus de palha semelhantes as toucas utilizadas por freiras e viúvas na Europa – que cobriam as orelhas e o pescoço – por esse motivo chamaram-no de “Toquillas” e a palha utilizada para fazê-las de “palha toquilla”.
No século XVII os colonizadores aproveitaram-se do trabalho indígena e substituíram a toquilla pelos modelos europeus. Os tecelões experientes localizavam-se principalmente nos povoados de Jipijapa e Montecristi.
No século XVIII era popular a utilização de chapéus de palha toquilla pela nobreza colonial espanhola, logo o Rei da Espanha ordenou a encomenda de vários tecidos de palha toquilla para sua esposa. Os botânicos da corte realizaram o primeiro estudo constatando que a palha toquilla é originária de uma espécie de palma que só cresce nas proximidades da costa equatoriana entre 100 e 400 metros de altitude, e deram-lhe o nome de Carludovica Palmeta em honra ao Rei Carlos IV e sua esposa Ludovica.
Logo após a independência do Equador, o empresário Manuel Alfaro estabeleceu uma produção de chapéus em Monticristi e com os negócios em franca expansão aproveitou-se da importância comercial do Panamá e iniciou a exportação para o país. Em pouco tempo já tinha aberto lojas no Panamá, atraindo atenção de pessoas do mundo inteiro e disseminando a associação dos chapéus equatorianos ao Panamá.
Logo após o desenvolvimento do comércio em Montecristi, as autoridades locais da cidade andina de Cuenca abriram uma fábrica moderna no intuito de melhorar a economia local, atraindo também tecelões de Montecristi para treinar as pessoas da cidade que tivessem interesse em trabalhar com a produção dos chapéus.
Os chapéus de Cuenca se diferenciavam pelo processo químico de branqueamento da palha e a utilização de uma palha mais grossa para permitir a confecção rápida dos chapéus. A indústria do chapéu Cuencano logo prosperou e virou a atividade econômica mais importante desta região.
Alguns acontecimentos históricos tiveram importância preponderante no desenvolvimento no comércio dos Chapéus Panamá. Em 1848 iniciou-se a “Corrida do Ouro” na Califórnia/USA, sendo o istmo do Panamá um caminho importante para se estabelecer negócios (inauguração do primeiro caminho-de-ferro transcontinental do mundo). Por ser muito comum adquirir um modelo desse chapéu na cidade do Panamá, a cultura acabou sendo difundida nos EUA. E após Eloy Alfaro (filho de Manuel Alfaro), que tornou-se também presidente do Equador, assumir os negócios da família, a exportação para os EUA girava em torno de 200 mil unidades ao ano.
Em 1855, um francês que vivia no Panamá exibiu os chapéus na Feira Mundial de 1855 e, em pouco tempo, a moda francesa logo adotou o chapéu. Até mesmo o Imperador Napoleão III usava um chapéu Montecristi, o que ajudou a difundiar esse modelo por toda Europa. Com a expansão da cultura de açúcar no Caribe e América do Sul, também a utilização do chapéu difundiu-se para a proteção dos fazendeiros e trabalhadores, principalmente em Cuba.
Em 1906, durante a construção do Canal do Panamá, muitos chapéus foram comprados para os trabalhadores e os engenheiros americanos que chegavam ao Panamá. A popularidade cresceu no mundo inteiro quando a imprensa mundial publicou uma foto do presidente Theodore Roosevelt usando um chapéu Montecristi durante sua visita ao canal.
Além disso, na década de 40, em Hollywood popularizou-se o uso dos chapéus Panamá pelas estrelas, tanto fora das telas como também nas produções, como em “E o Vento Levou…” e “Casablanca”. Era comum ver atores, músicos e pessoas da alta sociedade usando um chapéu do modelo Panamá.
Até hoje o chapéu panamá é utilizado como um acessório de estilo e com muita história.