Moda e Games, um encontro cada vez mais recorrente

Os millennials ou a geração z cresceram em meio a muitos jogos. Os primeiros e tímidos Ataris sucederam a muitos mini games, vídeos games com interatividade e jogos de computador cada vez mais imersivos, infinitos jogos de celulares e wearables, como óculos e relógios que quebram a barreira entre o imaginário e o real.

E atire a primeira pedra aquele que nunca jogou aqueles games ainda bem principiantes onde você podia se identificar com o jogo, trocando as roupas das personagens, mudando cabelo e construindo looks. Seriam os primeiros passos da ligação entre moda e games?

Passados alguns anos, você já não precisa mais ser um player para se interessar por essa relação. As marcas entraram de cabeça nesse universo e games juntamente com marcas faturam milhões por meio das famosas skins.

Sim, skin seria a pele no mundo real, mas no mundo virtual ou melhor dos gamers é a roupa que o seu avatar veste, podendo ter modelagens, padronizações, cores e tamanhos diferentes. E o consumo de roupas virtuais só aumentou a ponto de influenciar de uma forma que você nem faz ideia o mundo real.

A criação das skins encoraja as pessoas a consumirem peças no mundo real, pois apesar da eficácia do jogo não estar condicionada a ela, um gamer que se preze que ter avatares com estilo e personalidade.

A brincadeira é um negócio mais que rentável para ambas as indústrias tanto que, em 2018, mais da metade do faturamento de Fortnite foi só com a venda de skins. E elas se tornaram um objeto de desejo tão diferenciado a ponto de se tornarem raridade em muitos casos e objetos de leilões caríssimos, chegando a custar mais de 300 mil reais uma única skin.

Não raras foram as colaborações entre grandes grifes e jogos. Entre elas: a primeira em 2018 entre Jumpman e Fortnite, em que os jogadores tinham acesso a toda linha Air Jordan ao jogarem.
Louis Vuitton e League Of Legends em que a taça do campeão foi entregue em uma case da marca, além das peças que fizeram do storytelling do jogo.

E, a Valetino e Animal Crossing, em que a narrativa central do jogo fica por conta da criação das peças.

A mais recente foi da Balenciaga com Fortnite. Mas a Balenciaga foi além e fez um desfile, onde cada convidado recebeu os comandos bem como os equipamentos para que os convidados tivessem a experiência do desfile em casa por meio de um jogo.

Essa comunicação in-game, que compõe o “look and feel” das personagens é uma estratégia que funciona como vitrine virtual e interativa. Mas, e quando a marca cria suas próprias regras, com seus avatares e skins. Sim, há marcas que foram além. Saíram das collabs e criaram seus jogos.
Já ouviu falar em advergame?

O advergame nada mais é que o jogo criado por uma marca, como o Arcade 8 Bits da Gucci em que o jogador transita pela história da grife enquanto joga e o Gucci Ace que é inspirado em um tênis.

Já a Lous Vuitton criou o jogo Endless Runner, inspirado no desfile Outono/Inverno 19. Onde o jogador explora as ruas de Nova Iorque, tendo que ultrapassar obstáculos e pegar os monogramas da LV para aumentar a pontuação. Os jogadores ainda têm a opção de convidar amigos para jogarem junto com eles. E outros mais como o B-Surf da Burberry.

Como se vê a diversão se mistura a imersão e isso tem gerado bilhões a ambas indústrias. A essas grandes grifes uma possibilidade maior de comunicação com os jovens, além do estreitamento de relações, pois à medida que eles envelhecem o poder aquisitivo deles aumentam, mas o desejo de consumo não se altera drasticamente e é aí que eles vão realmente consumir as peças existentes no mundo real.

Talvez você nunca tinha parado para pensar em tudo isso antes dessa matéria. Mas isso é realidade. Jogos, games, moda, roupas e metaversos, um novo mundo sendo construído e que foi acelerado com a COVID-19. Por isso, não podemos passar batido nem ao mesmo fechar nossos olhos a esse novo contexto histórico.

Ariano. Apaixonado por moda masculina e música eletrônica. Advogado. Jornalista de moda e blogueiro nas horas vagas.
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