Entenda como a indústria de moda pode acabar com o planeta

Nem tudo é glamour (e você devia saber disso). O mundo da moda tem o seu lado podre. E não estamos falando sobre o trabalho escravo, que é só a ponta do iceberg. Existe uma indústria que pode acabar com o meio ambiente se não for freada, e é a que nós tanto somos fascinados. O vídeo que vocês verão abaixo é da campanha Detox, organizada pelo Greenpeace, e serve para mostrar o verdadeiro backstage das passarelas: as fábricas asiáticas e o seu despreparo e desrespeito com o planeta. É importante termos consciência do caminho que a roupa leva do fio que a tece, ao nosso guarda roupa. Depois que abrirmos os olhos, quem decide o caminho é a gente.

Prova disso é a declaração recente de Chip Bergh, CEO da Levi’s, que fez um apelo para as pessoas pararam de lavar seus jeans. Segundo ele, o seu último jeans foi comprado há um ano e ainda não foi lavado. Passar um pano úmido é suficiente para a peça, que pode ser usada durante anos sem ir à máquina de lavar. É uma maneira de economizar água não prejudicar o meio com os químicos presentes no tecido. A Levi’s, inclusive, é um empresa exemplo: prometeu reduzir as substâncias tóxicas quando aderiu à campanha Detox (abaixo), além de ter criado a primeira coleção experimental com jeans totalmente sustentáveis.

A importação está por todos os lados e é a responsável por isso

Segundo a ABIT (associação brasileira da indústria têxtil), só nos últimos cinco anos as importações têxteis tiveram um crescimento de 455% no Brasil. Os fatos que levaram a esse aumento são mais que claros: além de fatores econômicos, as tecnologias que os chineses possuem são as mais avançadas do mundo. Eles conseguem fazer milagre com o poliéster (que é a matéria prima mais barata da indústria). Marcas que vão desde a lojinha da esquina da sua rua e dos bandejões do Brás, em São Paulo, a grifes como Animale, Carlos Miele, Farm e até Burberry importam tecidos chineses – e muitas delas a roupa pronta. É importante se questionar, no entanto, quais os tratamentos que levam cada base de tecidos e como as empresas podem se responsabilizar pelos danos causados por essas fábricas asiáticas.

O que eu posso fazer?

É evidente que nós, consumidores, não deixaremos de comprar nas marcas por esse motivo, até porque a lista negra dos que importam é extensa, mas ter consciência do quanto estamos pagando por esse produto (de poliéster) já é um bom começo. As marcas aproveitam do valor agregado às etiquetas e cobram absurdos, o que acarreta em outro problema. A tão querida marca carioca Farm (que recentemente fez uma coleção em parceria com a adidas) é um exemplo claro dessa desonestidade com seus clientes. Cresceu e estabeleceu-se nos últimos anos como a principal marca feminina do Rio de Janeiro e, hoje, tem uma quantidade considerável dos seus produtos feitos 100% na China. A equipe de “criação” envia a modelagem, as estampas em CDs e eles produzem tudo. São importados através de contêineres a preço de banana (sabe lá o quanto é repassado aos confeccionistas) e chega ao Brasil custando valores, no mínimo, injustos. E sabe o que é pior? As pessoas pagam caro por isso e ainda acham que é status.

Ter consciência do que você escolhe para cobrir seu corpo e o processo que existe por trás, faz com que buscamos alternativas. Prova disso é a Faber Castell que entendeu a importância de um trabalho feito com comprometimento ambiental (e social) e buscaram maneiras de reduzir o impacto que seu trabalho poderia causar no planeta. Resultado? Campanhas esclarecedoras que não só potencializaram as vendas, mas se transformaram em alternativa de marketing, criando consumidores muito mais fies à marca e, o melhor, conscientes.

Dhyogo Oliveira

Blogueiro e designer de moda. Também escreve no Sem Geração.

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