Durante a pandemia, o ganho de peso esteve entre as mudanças enfrentadas por uma boa parcela dos participantes de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Entre os mais de 14 mil adultos brasileiros acompanhados pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP (Nupens), 19,7% relataram ter ganhado peso.
Em situações de estresse e ansiedade, como na pandemia, as pessoas liberam um hormônio chamado cortisol, produzido pela glândula suprarrenal, que está diretamente envolvido na resposta ao estresse.
“A elevação de cortisol em períodos de estresse pode levar a algumas alterações metabólicas que acabam contribuindo para o ganho de peso”, explica a Dra. Claudia Chang, pós doutora em endocrinologia e metabologia pela USP e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Confira 5 dicas que te ajudarão a acelerar o metabolismo, emagrecer e manter o peso:
Quando uma pessoa tem o metabolismo baixo, a alimentação tem que ser muito mais controlada em comparação a um indivíduo com metabolismo alto. Ao fugir de uma rotina alimentar equilibrada, a tendência é reganhar peso rápido. Entretanto, restringir demais a alimentação pode contribuir na perda de massa muscular, reduzindo o metabolismo a longo prazo.
A verdade é que o corpo tem necessidades diferentes para cada período da vida. Para homens acima dos 40 anos, por exemplo, é essencial incluir na dieta cálcio, vitamina B12, potássio, magnésio, vitamina D e Ômega. É possível ingerir estas vitaminas consumindo alimentos ou suplementos, com orientação médica. A vantagem de optar pelos alimentos é que, além de mais saudáveis, possuem outros nutrientes nem sempre presentes nas cápsulas.
“O organismo gasta mais energia na digestão de proteína, se comparado à gordura ou ao carboidrato. Sendo assim, para elevar o metabolismo, o ideal é substituir parte dos carboidratos por alimentos magros e fontes de proteínas, como carnes brancas/magras, ovos, feijões, nozes e laticínios com pouca gordura”.
No cérebro, o “centro da sede” é muito próximo ao “centro da fome”. Sendo assim, é muito comum que as pessoas confundam a vontade de comer com beber, podendo partir para a comida, quando, na realidade, o corpo pedia água. Daí a necessidade de se manter sempre hidratado.
Nosso corpo queima calorias o tempo todo, mesmo quando estamos dormindo. Entretanto, essa taxa metabólica de repouso é mais alta em quem tem mais músculos. Isso porque o ganho de um quilo de músculo necessita de, em média, 60 calorias por dia apenas para se manter. Com a desaceleração do metabolismo, é importante não só fazer 30 minutos de exercícios cardiovasculares por dia como também incluir de 4 a 5 sessões de treino de resistência por semana. Exercícios como abdução das pernas, subir escadas ou abdominais são ideais para manter a massa muscular e também queimar calorias.
Depois de um treino de força, como musculação, todos os músculos são ativados, o que eleva a taxa metabólica diária. Enquanto isso, apesar de as atividades aeróbicas normalmente não potencializarem tanto o ganho muscular, podem estimular o metabolismo nas horas após o treino. Uma boa dica é caminhar pelo menos 10 mil passos por dia. Com as restrições da pandemia, é uma atividade simples de realizar em parques ou mesmo na rua.
“O segredo é o nível de esforço em exercícios de alta intensidade, que causa um aumento prolongado no metabolismo de repouso quando comparado a exercícios de intensidade menor, fechando a conta do ‘ganha-perde’”, reforça Claudia Chang.
Diversos estudos já comprovaram que a privação do sono incentiva o cérebro a tomar decisões erradas ou impulsivas, como abusar de guloseimas calóricas, deixar de praticar exercícios ou quebrar sua regularidade.
Além disso, não descansar o suficiente desequilibra os hormônios da fome: a grelina (que aumenta o apetite) e a leptina (responsável pela saciedade), o que significa comer em excesso sem se dar conta.
Quando o metabolismo já não é o mesmo, a ideia de perder peso com métodos e promessas irreais se torna tentadora, mas logo você perceberá que estas soluções “milagrosas” não funcionam, além de colocar sua saúde em risco.
“Evite o estresse físico e emocional de querer emagrecer a qualquer custo. Você pode até conseguir em um primeiro momento, mas a estratégia se tornará um efeito-sanfona (você emagrece e, pouco depois, volta a engordar). O que realmente funciona é estabelecer um objetivo saudável e possível de ser alcançado. O ideal é adotar a meta de 10% do peso basal, percentual em que observamos uma melhora importante das alterações metabólicas, como controle da glicemia e da pressão elevada”, finaliza Chang.
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