Mais uma vez foram descobertos funcionários trabalhando em regime análogo à escravidão dentro de uma confecção em São Paulo. Quem acompanha o MPH já viu vários casos por aqui, lembra?
Dessa vez as marcas encontradas na confecção foram: Schutz, Unique Chic, Hit e Fama Fashion.
Os detalhes são da reportagem da Folha:
O MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) interditou na tarde desta sexta-feira (7/3) uma confecção no bairro Cangaíba, zona leste de São Paulo, após constatar que ao menos 17 peruanos trabalhavam em condições análogas à escravidão.
Os imigrantes faziam jornadas acima de 14 horas, sem descanso semanal, com vigilância ostensiva por câmeras e tinham os documentos retidos pelos donos da oficina, que também eram peruanos, segundo o ministério.
A denúncia foi feita pelo Consulado do Peru em São Paulo à Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania, após um funcionário que fugira da empresa SNP Moruco ME relatar agressões no local.
Segundo o chefe da Seção de Fiscalização do Trabalho do MTE, Marco Antônio Melchior, os peruanos tinham entre 18 e 30 anos e ganhavam R$ 2,30 por cada peça confeccionada. “É um valor ínfimo, já que vimos aqui que as peças valem ao menos R$ 100 nas lojas”, disse à Folha.
Todos estavam com a documentação irregular e moravam em uma casa ao lado da confecção. Alguns haviam chegado no local há pelo menos três meses com a passagem paga pelos donos da oficina. “O mais grave é que eles tiveram os documentos retidos, o que caracteriza a proibição do direito de ir e vir”, afirmou.
“Também constatamos jornadas excessivas de trabalho com a condição de servidão por dívida, já que os donos custearam a vinda deles para São Paulo e eles ficaram devendo esse dinheiro.”
A Folha acompanhou parte da operação e conversou com alguns dos trabalhadores que não quiseram se identificar. Duas jovens, de 20 e 19 anos, disseram que foram aliciadas ainda no Peru para trabalharem no local.
“As condições não são boas, mas eu preciso do dinheiro”, disse uma peruana de 19 anos. “A gente não pode sair, só trabalhar”, disse outra de 20 anos. Segundo Fabiana Severo, da Defensoria Pública Federal, os estrangeiros que são encontrados nessa situação, por medo, raramente fazem denúncia.
Gumercindo Gierba, um dos donos da SNP Moruco ME, negou que haja trabalho escravo no local. Disse às autoridades que os trabalhadores foram contratados em São Paulo, após baterem na porta da confecção pedindo emprego.
Os peruanos foram encaminhados ao DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) para registro de depoimento. Na próxima semana serão convocados para acerto trabalhista com a confecção e será decidido se eles voltarão ao Peru ou se a situação será regularizada para que permaneçam no país.
O resultado dessa história? Ontem o Sindicato dos Comerciários protestou em frente à Schutz da Oscar Freire. Eles cobravam esclarecimentos sobre os trabalhadores que foram encontrados em situação de escravidão na confecção da Zona Leste. Logo que entre os itens apreendidos no local estavam peças da marca.
É sempre a mesma desculpa: “Repudiamos esse tipo de comportamento e nunca aceitaríamos ter fornecedores que promovem o trabalho escravo” ou “Não sabíamos que as confecções contratadas tinham funcionários que trabalhavam em regime de escravidão” e por aí vai…
Eu, particularmente, acho que a empresa (marca) é responsável pela confecção que contrata.
Pensa comigo, o que você consegue comprar com R$2,30 hoje em dia? Que tipo de serviço conseguiria contratar com esse valor? Atualmente você não consegue nem uma costureira para fazer a barra da sua calça por esse valor. Agora, como é que uma empresa como a Schutz, por maior que seja a sua demanda, acha que vai conseguir pagar tão pouco para a produção das suas peças? Tem algo estranho, não?
E já não é mais novidade que esse tipo de trabalho escravo acontece em várias confecções do país.
A culpa é da Marca, da Confecção ou de Ambas? Participe pelos comentários.
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