A moda está obcecada pelo TikTok!

Uma ferramenta até ontem parecia boba e infantil, que repetia dancinhas e vídeos inúteis, ganhou e tem ganhado muito espaço. A Geração Z já nos mostrava o que seria o futuro. E hoje todos, inclusive a moda, se rendeu ao TikTok. E ela, inclusive, está obcecada por ele!

Os vídeos virais com transições, DIY e estilos de passarela, pasmem, além de influenciar lojas, estão influenciando coleções e desfiles. Mas por que isso? Desde que a pandemia começou já era aquela questão de tendências, pesquisa de desfiles e produção de cópias rápidas. O mundo on-line tem determinado muito mais o que vamos comprar e usar. E as lojas e shoppings já sabiam disso e como queriam vender, já vinham dançando conforme a música. Mas nos jamais esperaríamos que grandes marcas se renderiam à plataforma.

Foi o que aconteceu no último final de semana com o Milan Fashion Week. Sim, as coleções pareceram ser extremamente on-line e rendidas ao TikTok. Antes eram os produtos das marcas que chegaram aos influenciadores. O papel se inverteu, agora são os influenciadores que têm ditado o que as marcas devem produzir. Coleções justamente de marcas que nunca olharam para baixo para construir seus desfiles.

A Prada trouxe modelos espirrando e dançando na água. Havia shorts curtos, chapéus de balde, malhas finas, macacões de pescador e até alguns skorts – mas, estranhamente, nenhum dos clássicos instantâneos que esperamos da Prada, como os bombardeiros de couro napa da temporada passada.
A Fendi teve seu próprio momento “quente”, mostrando blazers curtos de manga curta com shorts curtos e tons pastéis desbotados. Parecia um pouco do momento. Ambas as marcas quiseram mostrar um mundo pós-pandêmico, por isso essa necessidade de calor, praia e pele.

Mas a questão não era só essa. Mas sim as peças usadas, os chapéus balde da Prada e as correntes na barriga da Fendi pareciam ter saído direto da rede social vizinha. Os shorts curtos da Prada parecem os mesmos dos vídeos virais. Ou seja, as coleções das marcas estavam muito jovens, diferentemente das anteriores.

Não se pode dizer que essas marcas serão pautadas pelo TikTok mesmo porque há designers fabulosos a frente delas. Na real, pode ser que vivamos um novo momento em virtude da situação pandêmica, da inexistência de tendências e da necessidade de ser criar peças mais usáveis (contrariando aqueles desfiles cheio de peças loucas, como no passado). Talvez, só teremos a resposta mais para frente.

Mas será mesmo que o e-boy vai dominar essas marcas? Muito cedo para falar da colisão entre moda e rede social, porém esse pode ser o futuro da moda. Com certeza, assim como o instagram influenciou a moda, o TikTok também o fará.

Diogo Rufino Machado

Ariano. Apaixonado por moda masculina e música eletrônica. Advogado. Jornalista de moda e blogueiro nas horas vagas.

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