A moda, assim com muitos outros setores da arte, da cultura e da ciência, já percorreu os mais sinuosos caminhos. Inventou tudo que poderia inventar. Usou aquilo que até então chocaria até os mais ousados. Chamou a atenção com melancias nos pescoços. Despiu corpos. Cobriu com tecidos modelos fora do padrão. Colocou na passarela o desconhecido, o diferente e o inusitado. E o que fazer para vender, então?
O exato momento que estamos vivendo explica e muito bem tudo isso. Estamos “embaragando” a moda no sentido literal e pasmem, não é que o resultado está cool e legal? Sim, eu curto pakas e não acho que isso seja bater palma para louco dançar como muitos acham por aí.
O que mesmo tem feito a Gucci, a Balenciaga e a Vetements na moda? Não atônita, A La Garçone não fica muito longe por aqui também não.
Yessss, sabe aquela coisa que você olha e admira máster, mas não sabe de onde veio? Brechó, Eras Medievais? Ou será pós-modernidade ultra-descolada da new age da cena clubber reinventada? Difícil explicar até então as maluquices que estão sendo colocadas na passarela. Única coisa que é certa: aumento de vendas.
Tá, mas “você pensa que é bonito ser feio”? A moda acha, pensa e fecha assim. Não só fecha como isso já passou a ser como um lema. Porque o bonito, óbvio, certinho e perfeitinho já não atrai mais olhares, deixou de ser desejo e fez as vendas despencarem.
E assim se passou a busca do pensamento inverso. Em 2012, Dries Van Noten declarou que: “Não há nada mais entediante do que algo bonito.” Desde então ela cria e elabora coleções pautadas sobre tudo que não gosta, principalmente nas cores que odeia, com um único objetivo fugir do óbvio e surpreender a todos.
O grande Alexandre Michele faz isso melhor que ninguém. Com inspirações que fazem uma miscelânea de muita coisa e são carregadas de cores, acessórios, adereços e super cheio de detalhes. A estética mudou. Não sabíamos o que pensar então? No fim deu muito certo e até agora estão pedindo bis.
E a queridinha do momento então, sabem qual é? Sim, estou falando de Vetements. Orra, Demna Gvasalia desconstruiu medidas, inovou nas cores (vide o laranja em alta) e trouxe o over às ruas.
Raf Simons, na Balenciaga, cria e inova com tênis de astronauta (sim, que aquele o amiguinho da escola mais zoado usava e ninguém queria usar). Só que um detalhe, dessa vez todo mundo quer e paga caro. Por que não gente? Críticas a parte, acho super válido inovar e mudar.
Mau gosto para uns, modernidade para outros. Movimento de contestação da moda e objeto de desejo dos f”ashion victims”. Errado ou certo, não importa.
O que é belo para você? Sim, o que pode ser belo para você para mim pode ser feio e vice-versa. Logo, essa linha determinadora varia muito de gosto para gosto, opinião para opinião bem como destinatário final.
Certo mesmo é que as vendas vão indo bem, obrigado, de nada. Isso nada mais será que um novo ciclo da moda e, por acaso, eu curto muito e você?
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