Fabiano, do O Cara Fashion, é um ícones negros da moda masculina nacional. E, com muito orgulho, por ser preto e gay, ele empodera pessoas, desmitifica certos assuntos e cria uma identidade própria, um estilo próprio, valorizando o seu “eu”.
Ele nos conta aqui a seguir um pouco da sua trajetória na moda, como blogueiro e como um dos maiores influenciadores de moda masculina do Brasil.
R: Eu comecei a descobrir a moda quando ainda era bem novo, por volta dos 6 ou 7 anos, quando eu ficava na casa da minha bisavó. Ela era costureira, e quando estava com ela eu ficava brincando com os retalhos, ajudando por linha nas agulhas, e tudo mais. Quando ela fazia umas roupas para mim, tipo shorts (ela fazia bastante shorts), eu ficava todo feliz. Esse foi meu primeiro contato com a moda.
Já minha carreira de blogueiro começou em 2012, quando eu procurava sobre sites e blogs de moda masculina. Todos os blogs que achava na época ainda era muito focado no lado pessoal do blogueiro, ou então muito fechado para uma moda mais tradicional. Então decidi criar o meu, onde eu falar sobre moda de maneira mais aberta, inclusiva, sem amarras.
R: Representatividade. Acho que ainda estamos muito fechados quando o assunto é representatividade, principalmente nas grandes mídias tradicionais. Ainda falta muito espaço para inclusão do que não é padrão na mídia. Seja na moda, na TV, no Cinema, no mercado de trabalho, o tanto que falta de representatividade de pessoas que não se enxergam nestes meios é enorme.
R: Conhecimento. Enquanto minoria, você tem que trabalhar o dobro para ganhar a metade. E isso ficou muito claro para mim desde que me identifiquei como um homem negro, e depois quando me descobri gay, sabia que a luta seria ainda mais difícil. Isso fez com que eu buscasse o máximo de conhecimento possível para que eu pudesse estar sempre bem informado e com domínio sobre o que estava falando.
R: Encontre o seu estilo. Busque se conhecer, saber os seus mais íntimos gostos e vontades. Acredito que muita gente perde tempo tentando se inspirar em outras pessoas e acabam esquecendo de si, e com isso se perde no caminho.
R: Eu gosto muito de apostar em peças-chaves confortáveis, porque se você está seguro do que está usando, você segura um look de R$10 que comprou em um brechó com mais facilidade do que se estivesse usando Louis Vuitton do Virgil Abloh que acabou de sair da passarela.
R: Quem é negro sofre preconceito desde que nasce, seja ele declarado ou velado. Sendo negro e gay, então, a problemática só aumenta. Sofremos muito preconceito, mas o pior é o preconceito estrutural que está entranhado na nossa sociedade, aquele que é disfarçado de piada ou mesmo preferência. E isso ocorre no trabalho, na rua, na vida pessoal, está em todo lugar, mas obviamente ele vai ficando cada vez mais claro de acordo como você vai se informando.
Minha luta é diária, porque quando você levanta da cama e começa o seu dia já está passível a enfrentar o preconceito, seja ele racial ou de orientação sexual. Por isso eu procuro me informar e disseminar essa informação para o máximo de pessoas possível, para que aqueles que oprimem tenham ciência da sua opressão e o quanto isso nos atinge; e para os que são oprimidos saberem que eles não estão sozinhos e que precisamos nos unir para continuar lutando por representatividade, direitos e pela nossa própria vida.
R: Eu procuro trazer informação e representatividade, acho que quando a gente lidera através de exemplo, uma multidão vai se identificando e se informando sobre o assunto. Procuro sempre trazer marcas, campanhas, e ações que valorizem essa parte comunidade. Seja no meu blog, nas redes sociais ou mesmo na convivência diária offline.
R: Eu comecei como blogueiro de moda masculina, e continuo com tal até hoje. O que mudou mesmo foi a forma como eu comunico, afinal estou há 8 anos fazendo esse trabalho, e a gente evolui (risos). Sinto que quando comecei a me empoderar mais e mostrar mais quem eu sou, principalmente nas redes sociais, perdi parte do meu público. Mas isso não me incomoda tanto, pois – mais uma vez – as pessoas evoluem, crescem e mudam seus hábitos. Hoje eu vejo meu público mais engajado em nas causas que eu defendo. A forma com a qual eu utilizo a moda hoje é também empoderadora, e busco mostrar isso para meu público. A gente cresceu aprendendo que a moda era exclusiva – no sentido de excluir mesmo – e eu entrei nesse mercado como um outsider, um forasteiro, que não deveria estar ali. E meio que com isso eu levei e levo a minha luta, por mais inclusão e representatividade na moda.
R: Eu hoje sou péssimo em indicar ou me ater a marcas, pois meu foco hoje é exatamente desmistificar a etiqueta e se apegar mais a quem está vestindo. Mas claro, temos algumas marcas que representam bem essa máxima, como o Isaac Silva, por exemplo, um estilista que tem um trabalho incrível com sua moda ativista que veste uma infinidade de pessoas, seja ela como for.
R: Hoje eu me vejo muito versátil em relação ao meu estilo. Como disse eu gosto muito de conforto, então estou sempre com um look que eu possa fazer absolutamente tudo durante o dia: ir para o trabalho, barzinho, balada, parque. O que acho legal, é que essa versatilidade não me prende a um estilo fechado, então você vai me ver usando uma calça chino e camisa, e no mesmo dia vai me ver um usando um short curto com um camisão.Então eu deixo me guiar pelo humor, pela clima, excitação da ocasião. Eu gosto de brincar com a moda, e acredito que se você não está fazendo isso, não está sabendo usar a moda à seu favor, muito pelo contrário, está sendo usado por ela – e isso para mim é inaceitável.
Vale a pena seguir @OCaraFashion no instagram e se inspirar sempre.
Até o próximo MPH Entrevista!
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