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Canabidiol (CBD) vs Tetrahidrocanabinol (THC): Entenda as Diferenças

O uso terapêutico de substâncias derivadas da cannabis vem crescendo ao redor do mundo, e o Brasil não está fora dessa tendência. Entre os compostos mais estudados estão o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), ambos com propriedades medicinais, mas com diferenças significativas em seus efeitos, aplicações e questões legais.

Efeitos Psicoativos

Uma das principais distinções entre o CBD e o THC é a presença de efeitos psicoativos. O THC é o principal responsável pelo “barato” associado à maconha, ativando receptores específicos no cérebro que resultam em euforia, relaxamento e alterações na percepção sensorial. Em contrapartida, o CBD não possui efeitos psicoativos e é frequentemente utilizado justamente para neutralizar ou reduzir a ação do THC. Isso faz com que o CBD seja uma opção mais segura para pacientes que precisam de tratamento, mas sem a mudança de estado mental que o THC provoca.

Propriedades Terapêuticas

Ambos os compostos apresentam propriedades terapêuticas, mas suas indicações médicas variam.

Canabidiol (CBD): O CBD tem ganhado destaque no tratamento de várias condições de saúde, como ansiedade, insônia, dor crônica, epilepsia (especialmente na síndrome de Dravet e Lennox-Gastaut), inflamações e até sintomas de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer. Estudos sugerem que o CBD atua no sistema endocanabinoide do corpo, modulando funções como humor, dor e respostas imunes sem causar dependência.

Tetrahidrocanabinol (THC): O THC, por sua vez, tem sido utilizado no controle de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia, estimulação de apetite em pacientes com HIV ou câncer, além de aliviar dores crônicas, principalmente em condições como esclerose múltipla. Contudo, o uso contínuo pode levar ao desenvolvimento de tolerância e dependência, exigindo maior controle e prescrição especializada.

Efeitos Colaterais

O THC, por seu efeito psicoativo, pode gerar uma série de efeitos colaterais, incluindo ansiedade, paranoia, comprometimento da memória de curto prazo, além do risco de dependência. O uso prolongado, especialmente em indivíduos com predisposição, pode aumentar o risco de transtornos psiquiátricos, como esquizofrenia.

Já o CBD, por ser uma substância não psicoativa, apresenta menos efeitos adversos. Doses elevadas de CBD podem causar cansaço, diarreia e alterações no apetite ou peso, mas são geralmente bem toleradas pela maioria dos pacientes.

Legislação e Importação no Brasil

No Brasil, a regulamentação sobre produtos à base de cannabis é restritiva, embora tenha avançado nos últimos anos. Desde 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) permite a importação de medicamentos à base de canabinoides mediante prescrição médica para casos específicos, como epilepsia refratária e outras condições severas. Em 2019, a ANVISA também aprovou a regulamentação da venda em farmácias de produtos à base de CBD com prescrição, mas o cultivo de cannabis para fins medicinais ainda é proibido no país.

Para importar produtos à base de CBD ou THC, o paciente precisa de uma prescrição médica detalhada e autorização prévia da ANVISA, o que limita o acesso devido ao custo elevado e à burocracia. Além disso, produtos contendo THC em sua formulação ainda encontram mais barreiras para aprovação, devido ao seu potencial psicoativo.

Tratamentos de Problemas Mentais

O uso de CBD vem sendo estudado como potencial adjuvante no tratamento de transtornos mentais, como ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e esquizofrenia. O canabidiol pode atuar reduzindo a atividade excessiva de neurotransmissores responsáveis por gerar ansiedade e estresse, oferecendo alívio sem os efeitos colaterais comuns de ansiolíticos tradicionais.

No caso do THC, sua aplicação em transtornos mentais é mais controversa. Embora possa promover relaxamento e bem-estar em doses controladas, em indivíduos suscetíveis pode agravar condições psiquiátricas.

Tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O canabidiol também tem mostrado promissor no tratamento de sintomas associados ao transtorno do espectro autista (TEA). Estudos preliminares indicam que o CBD pode ajudar a reduzir crises de agressividade, melhorar a qualidade do sono e promover a calma em crianças e adolescentes diagnosticados com TEA, sem os efeitos colaterais severos de medicamentos psicotrópicos tradicionais. No entanto, ainda são necessárias mais pesquisas para confirmar sua eficácia a longo prazo.

O THC, por sua vez, não é amplamente utilizado no tratamento do autismo, justamente por seus potenciais efeitos psicoativos, que podem ser adversos para indivíduos com TEA.

Tratamento do Parkinson

No caso da doença de Parkinson, tanto o CBD quanto o THC têm sido explorados como tratamentos auxiliares. O CBD, em particular, tem mostrado eficácia na redução de tremores, ansiedade e rigidez muscular, contribuindo para a melhora da qualidade de vida dos pacientes. Estudos em modelos animais sugerem que o CBD pode proteger as células cerebrais contra danos causados pela progressão da doença, o que é uma área promissora de pesquisa.

O THC, quando utilizado em doses baixas e sob orientação médica, também pode ser útil no controle de sintomas como espasticidade e dor, comuns no Parkinson, mas deve ser administrado com cautela devido ao risco de causar confusão ou agravar sintomas motores em alguns pacientes.

Riscos e Efeitos Colaterais

Embora o CBD seja amplamente considerado seguro, ele pode interagir com outros medicamentos, potencializando ou reduzindo seus efeitos. É importante que o uso de canabinoides seja sempre supervisionado por um médico especialista, especialmente em pacientes que fazem uso de outros tratamentos farmacológicos.

Já o THC, devido ao seu potencial psicoativo, requer monitoramento rigoroso. A administração inadequada ou em doses altas pode causar dependência, psicose temporária e outros distúrbios psiquiátricos, especialmente em usuários de longa data.

A escolha entre CBD e THC depende amplamente das necessidades terapêuticas e do perfil do paciente. Enquanto o CBD tem uma ampla aceitação médica devido ao seu perfil de segurança, o THC exige mais precaução e controle. Ambos os compostos, no entanto, oferecem promessas terapêuticas significativas, especialmente para condições como epilepsia, transtorno do espectro autista, Parkinson e dores crônicas, desde que utilizados de maneira responsável e com acompanhamento médico adequado.

Diogo Rufino Machado

Ariano. Apaixonado por moda masculina e música eletrônica. Advogado. Jornalista de moda e blogueiro nas horas vagas.

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