Um guia sobre tênis, sapatos e sapatênis

Grande parte dos homens que um dia decide sair da zona de conforto dos sapatos e, finalmente, jogar fora aqueles pares velhos em busca de novos modelos para o dia-a-dia, fica perdido na hora de ir às compras ou por não ter referências, ou por medo de ousar demais e achar que não vai combinar com seu estilo. Além disso, as variações de tênis e sapatos têm crescido consideravelmente, o que deixa muitos de nós inseguros. Se você tem a mesma dúvida ou também usa algum desses argumentos quando alguém te mostra um novo modelo de sapato diferente do que você usa… Esse post foi pensado para você.

É importante entender o porquê de usarmos sapatos diferenciados para cada ocasião ou estilo nos dias atuais. Aquela ideia de que sapatos fazem a cabeça só das mulheres, é ultrapassado. Prova disso é que só o Brasil possui 4 mil empresas do setor calçadista, ocupando o 3º lugar dos países que mais produzem calçados no mundo, abaixo apenas da China e Índia. Claro que os números incluem os calçados femininos também, mas é um fato que o homem possui mais opções de modelos se compararmos há cinco anos, por exemplo, graças à entrada de marcas (logo, variedades) internacionais.

Como chegamos até aqui?

Porque conforto e praticidade funcionam desde a pré história

Há registros do uso de proteção para os pés desde as pinturas rupestres e pesquisadores dizem que há mais de 3.200 anos o couro foi a matéria prima mais usada o que, na época, os ajudavam  a escalar montanhas e se mobilizem com maior conforto e praticidade. Isso significa que nada mudou muito de lá pra cá , uma vez que conforto é (ou deveria ser) o primeiro critério da escolha de um sapato e o couro continua sendo a matéria prima mais usada – seja ele sintético ou natural. Durante os séculos 17 e 18, único período da história em que a moda masculina passou a frente da feminina, era comum o uso de saltos pelos homens da época – era sinônimo de poder, quanto mais alto, mais importância a figura tinha na sociedade, e há registros de que esse conceito vem lá da Grécia Antiga. Com o surgimento da figura do Dândi na sociedade, o homem passou a se vestir mais sóbrio e qualquer extravagância na moda passou a se tornar sinônimo do feminismo, e foi nessa época que os sapatos sóbrios, como o modelos Oxford surgiram e acabou se tornando tradicional na moda masculina.

Então, se conforto e até o próprio material usado é o mesmo há milhares de anos, o que mudou? A sociedade! Não vivemos mais na era pré histórica e, se as convenções sociais e climatológicas nos pedem um determinado estilo de roupa para cada ocasião, com o sapato não poderia ser diferente. Mesmo que você não se importe com seu estilo de sapato, fique certo de o seu entrevistador ou a menina que você vai se encontrar pela primeira vez reparam sim no que você está calçando. Então, fique atento às próximas dicas.

Zona de conforto

Por que o Sapatênis virou o vilão?

Geralmente a cabeça de muitos homens dividem os tipos de sapatos em dois: os que funcionam para o trabalho e o mais casual, para sair nos finais de semana, que basicamente se resume no tênis esportivo (favor incluir os de mola). Quando esse mesmo homem finalmente entende que sim, está na hora de investir num novo modelo diferente desses dois primários, eis que surge um modelo que gera polêmica… o sapatênis.

Calçado unissex surgido no final do século 20, mistura estilo de sapato de couro com o de tênis esportivo. Pode ou não ter fechamento com cadarço.” SABINO, Marco. Dicionário da moda. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

Recente campanha da marca carioca Reserva, que defende o uso do Sapatênis.

O sapatênis surgiu como uma alternativa de unir o tradicionalismo e a seriedade do sapato social com o conforto e a informalidade do tênis, o que é, inegavelmente, uma vantagem para os homens. Geralmente tem a combinação do solado de borracha com o corpo em couro e podem ter cadarços ou não. O sapatênis é oficialmente considerado cafona dentro do universo da moda por, principalmente, ter se tornado o modelo mais comercializado nos anos 00 e, quiçá, até os dias de hoje. Muitas marcas já oferecem modelos com designs diferenciados para acabar de vez com a imagem de ser um sapato cafona e trazer novos consumidores, mas a verdade é que o problema principal do sapatênis é a forma que você usá-lo. Assim como qualquer outra peça dentro do guarda roupa, a forma que você vai usar isso e deixar mais ou menos atraente, é determinante para que algo seja cafona ou não.

O sapatênis recebeu a função de pensar por você: o evento é causal? use sapatênis! Então, logo se tornou a principal escolha dos homens preguiçosos para pensar, não só no calçado, mas em qualquer peça do guarda-roupa. Não é novidade para ninguém que isso mudou e, se você não abre mão desse modelo, veja abaixo boas opções de sapatênis e como podem ser usados de forma correta (nada de combinar com o cinto ou com a camisa social!)

Por onde começar?

Os tipos básicos de sapatos para descomplicar a vida

Listei abaixo alguns modelos que você já pode pensar em investir na próxima compra. Experimente, pelo menos, e veja o quão incrível é a sensação de usar algo que você jamais pensou que fosse usar. Invernos pedem sapatos fechados, cores sóbrias e materiais pesados, e o verão pedem sapatos mais baixos, shapes mais limpos e cores mais leves. Pense que, se você investe num sapato menos básico, significa que na hora de escolher a roupa, o trabalho vai ser menor (afinal, você já está com um sapato bacana, né?).

Do meu Instagram: @semgeracao. Oxford Brogue da Renner.

Oxford / Derby /Monk / Brogue: é tudo a mesma coisa?

São variações do mesmo estilos. O Oxford foi o primeiro sapato com cadarços e ficou popular entre os estudantes da universidade de Oxford (por isso o nome). Hoje existem diversas cores e combinações, e até as mulheres já descobrira o poder que esse sapato tem. O Derby diferencia-se do primeiro por pequenos detalhes, como a aba que leva os furos do cadarço serem costuradas sobre o corpo do mesmo, o que ajuda a adaptar melhor o peito do pé de quem o calça. Dos sociais, esse é o mais informal de todos e ele funciona até com uma boa modelagem de jeans. Já o Brogue, apesar de ser considerado modelo, trata-se dos perfurados decorativos na parte da frente. Existe Oxford Brogue, por exemplo, geralmente feito em camurça (como o da foto acima). Todos eles são sociais e bem aceitos com calças de alfaiataria, ternos e, como dito anteriormente, um bom jeans. Os sapatos que possuem fivelas no lugar dos cadarços são chamados de Monk. Estão cada vez mais em desuso e pode deixar o visual beirando ao cafona dependendo da forma que você usa. Geralmente é usado com ternos e roupas de alfaiataria, e bem aceitos em escritórios.

Saí do escritório: e agora?

A dúvida de muitos paira no modelo que se diferencia dos tradicionais citados acima. O próprio tênis tem uma infinidade de modelos, mas lembre-se que todos são casuais e devem ser usados em ambientes descontraídos. O modelo esportivo, principalmente os que possuem molas, devem ser preferencialmente usados para a prática de esportes. Há designs diferenciados que tiram a estética esportiva e, usado com roupa adequada, conseguem passar nos mais diversos ambientes. Tenha cuidado ao usar determinados modelos com camisa social de mangas compridas e principalmente curtas e, na dúvida, pergunte a opinião de alguém.

O verão

Mocassins, Doksides e Alpargatas são outros modelos de sapatos de verão que se diferenciam por pouco. O mocassim, apesar de ser veranil, é mais discreto e geralmente encontrado em cores sóbrias. Ele tem o solado mais fino, enquanto o Dockside tem o solado grosso, de borracha, e possui cadarços que o envolvem. Não é difícil encontrar Dockside em cores como vermelho, amarelo, laranja e verde e eles são perfeitos com bermudas (sejam as mais curtas ou aquelas abaixo do joelho mesmo). Substituir um tênis esportivo por um dockside faz fazer toda a diferença, experimente! As famigeradas Espadrilles (já falamos sobre elas aqui), também são conhecidas como Alpargatas, apesar de ser um nome licenciado pela empresa brasileira, nada mais é que aquelas sandálias de lona com trançado em juta em torno do solado. Não são aconselháveis para caminhadas longas e possuem as mais diversas estampas ou cores.

 Dicas que todos devemos saber

Na hora de ir às próximas compras, priorize o conforto. O dedo nunca deve encostar na ponta do sapato para não causar desconforto. Além disso, o ideal é que ele não fique apertado, mas caso ele aperte, geralmente o material é adaptável ao formado do seu pé, basta usar algumas vezes. Mas para isso, sempre escolha marcas que façam o uso de materiais duráveis e de qualidade.

O ideal é que, a cada uso, você passe um pano úmido na superfície a fim de tirar os resíduos. Nunca use graxa pois tira o tratamento do couro com o tempo. Existem alguns tipos de condicionadores que hidratam o couro e principalmente a camurça. Prefira os cor branca para não correr o risco de manchar, caso o sapato tenha cores claras ou coloridas. Para outras dicas de conservação, veja esse post.

Em sapatos coloridos, esfregue o dedo no material e veja a solidez da cor. A camurça geralmente libera tinta e pode sujar meias e manchar outras roupas.

Fique atento às dicas e saia do comum!

Dhyogo Oliveira

Blogueiro e designer de moda. Também escreve no Sem Geração.

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