MPH Entrevista: Fábio Monnerat

Dando sequência a nossa cadeia de entrevistas, hoje resolvemos falar com um dos grandes nomes da moda carioca. Produtor de conteúdo, sempre engajado com questões do seu tempo e com um conteúdo bem bacana e divertido dentro do Uber Fashion, Fábio é um dos poucos blogueiros masculinos de destaque no estado do Rio de Janeiro.

Além da moda, ele trabalha com questões de minorias (racismo e direitos da diversidade) bem como assuntos políticos contemporâneos.

1) Como você enxerga a moda no Rio de Janeiro?

O Rio ainda é uma cidade que lança tendência, talvez a mais importante para o cenário da moda nacional (sem criar polêmicas). Creio que essa mistura de mar com a cidade traz uma ideia do jeito de ser brasileiro.

Mas as marcas do Rio perderam espaço e relevância ao longo dos anos. São vários os motivos, mas a gente pode destacar a falta de planejamento e gestão.

O que vejo acontecendo – e muito me alegra – é o nascimento de novas marcas autorais que trazem uma linguagem menos comercial e comoditizada. Isso acontece no Rio e em todo o Brasil.

2) Por que a moda no Rio não deslancha se comparada a outros Estados?

Acho que falta organização. Não adianta ter boas marcas e não ter uma indústria da moda bem pensada. Moda é negócio e não apenas criatividade. A moda no Rio não tem uma plataforma que unifique de forma bem pensada. Os cases de sucesso como Reserva, Farm, Animale e cia, não acontecem por causa do algo que aconteça no Rio, elas seguem como sucesso por conta própria. Uma pena, pois a cidade tem uma grande vocação para a moda.

3) O que falta na sua opinião para o Rio Fashion Rio voltar com tudo?

Acho que ele não vai voltar. Todas as semanas de moda do mundo estão passando por readaptações e tentando se reinventar. A única plataforma de lançamento que temos hoje é o Veste Rio, projeto da Vogue e do Ela (O Globo), mas é uma feira de negócios, não tem muito aquele frisson das semanas de moda.

4) Quais são os maiores representantes da moda carioca que você listaria como moda de propósito, empoderamento e sustentabilidade?

Há dois grupos de moda que eu gosto muito e já tive a honra de trabalhar com eles, Um é de moda sustentável e o outro são os Afrocriadores, ambos foram apoiados pelo Sebrae RJ. Fora eles, há alguns pequenos movimentos nascendo com propostas novas. Ainda não sei como eles vão conseguir se desenvolver e deixar de ser projetos embrionários, mas há um bom grupo nascendo.

5) Que marcas cariocas jovens que você considera como promissoras?

Tem 2 marcas que já são bem conceituadas no mercado – Handred e a The Paradise – Mas tem outras marcas que estão fazendo moda masculina que prometem fazer algum barulho com o tempo. Posso destacar a Perigo e a Maxime Rio.

6) Há designers cariocas que merecem nossa atenção?

Os meninos da The Paradise (Thomaz e Patrick), Andre Namitala da Handred, Fernando Cozendey e Felipe Luna.

7) O que você considera fundamental para uma marca de moda nos dias de hoje?

Um mix de qualidades muito difíceis, principalmente para os novos talentos (pela falta de vera para ter uma equipe). Uma marca precisa ter design diferenciado, uma comunicação eficiente e um propósito que faça ela ser mais que uma fabricante de roupas. Os clientes querem consumir ideias e não apenas produtos.

8) Quais foram as transformações que a COVID trouxeram para você? E você acha que tudo se normaliza?

A principal mudança é o fato de ter que ficar em casa, eu sempre viajei muito. Mas essa conexão com a casa me fez refletir muito sobre a vida. Nunca estive tão empenhado com alimentação e decoração – a casa é a nova roupa. Estou mais próximo dos meus pais e amigos – ainda que virtualmente. Enfim, sei que sou um privilegiado por poder estar trancado em minha casa sem ter que me preocupar com trabalho e coisas do tipo. Tenho aprendido muito nesses meses.

Eu acredito que depois que encontrarem um remédio ou vacina as coisas se normalizem, mas não do jeito que era. Será um novo normal com mudanças provocadas por todo esse tempo que estamos aprendendo a lidar de maneira diferente com pessoas e marcas.

9) Há outros influenciadores masculinos de moda no Rio? Quem você apontaria?

O Rio tem muita gente ligada ao universo da TV, acaba que os influencers aqui são também atores que descobriram a internet como mais uma forma de ganhar dinheiro, mas que conheçam e entendam sobre moda eu não tenho ninguém para indicar.

10) Se você pudesse dizer algo para quem está te lendo, o que você diria?

A moda é uma extensão de quem somos. Não se preocupem em estar vestidos igual a ninguém. Conecte-se com sua verdade e com aquilo que te faz bem. Quando estamos em sintonia com o que realmente somos, todo o resto acaba fluindo e a gente deixa de ser cópia e passa a ter um estilo que é só seu. Isso vale na moda, nos relacionamentos e na vida como um todo. A sua verdade será sempre a melhor escolha.

O que achou da entrevista? Quem você gostaria de ver por aqui?

Até o próximo MPH Entrevista.

Diogo Rufino Machado

Ariano. Apaixonado por moda masculina e música eletrônica. Advogado. Jornalista de moda e blogueiro nas horas vagas.

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