Como fica a masculinidade de homens que usam coisas femininas?

Você conhece o Sr. Hosting e o Sr. Sonoeren? Não? E se eu te contar os primeiros nomes deles: Viktor & Rolf. Ainda não? Então você vai ter que me desculpar!

Esses caras costumam usar smoking com gravata borboleta preta, mesmo corte de cabelo e óculos com armação parecida. Parecem gêmeos, querem confundir, nos deixar em dúvida de quem é o Viktor e quem é o Rolf porque basicamente:

“Acreditamos na ambivalência e queremos celebrar o mundo dos sonhos em nossas criações” – Disse Viktor, ou terá sido Rolf?

Dentre suas habilidades notáveis, está a de fazer pessoas sonharem [em comprar o que eles fazem]. Pensa que cobram barato? Vai sonhando. Eles não são pessoas comuns, sua sensibilidade para arte é um pouco acima da média, o senso estético é bastante apurado e para não fugir a regra, são rigorosos com qualidade.

Os sonhos de V&R são tão rentáveis que o controle acionário da grife foi comprado por Renzo Rosso, comandante do grupo Only the Brave, detentor do direito comercial da Diesel, Vivienne Westwood, linha masculina de Marc Jacobs, dentre outras labels de calibre semelhante.

Ainda falando de Vicktor e Rolf, uma pena que a especialidade deles não sejam looks masculinos, de qualquer forma, se eu encontrasse algo criado por eles que servisse para um homem usar, não me preocuparia se foi uma criação direcionada para mulher.

O caríssimo leitor pode estar nesse momento perguntando para um de seus botões: “Ué!? Um homem pode usar uma peça feminina, de buenas?”

Era aí mesmo onde eu queria chegar, na genitália feminina. Conheço vários homens que compram cintos femininos, casacos ou calças e usam sem o menor preconceito.

Pergunto: Uma atitude como essa teria o poder de mudar sua masculinidade, no sentido mais amplo da questão? Claro que precisa ter uma noção de caimento, do que fica muito acinturado, evitar usar sapatilha, bolsinha, tanga, calcinha, biquini, meia calça, sandália feminina, etc. É apenas uma questão de conhecimento, de ampliar o leque de opções na hora da compra e não tem nada a ver com sexualidade.

Quanto mais escalarmos nas classes sociais, mais notaremos homens a incorporar características femininas, como a sensibilidade, subjetividade, auto-controle, maiores critérios culturais e estéticos, e quanto mais descemos na pirâmide, o contrário acontecerá, mais vamos nos deparar com estereótipos de homens hipervirilizados, coçando o saco, sujos de graxa, trabalhando nas construções, chamando de “gostosa” toda mulher que atravessa seu caminho.

O meio termo disso surgiu na década de 70 e ficou conhecido como Village People. Tá legal, a última frase foi “forró-sacana” só para quebrar o gelo. Continuando no tema, você já viu alguma imagem antiga de príncipe com calças justas, babados, cabelo de diva e parafraseou Paulo Silvino “Isso ai é uma bichona!” Já? Fez o mesmo com ícones de nosso tempo como Chiquinho Scarpa? Então vou abrir um parênteses para uns trechos retirados do livro O Metrosexual – Guia de estilo, ed. Planeta.

(Aos poucos, foi-se percebendo, por ambos os lados, homens hétero e gays, que há um certo poder e mistério na ambiguidade (lembra do V&R no começo do texto) e que confiança, segurança e senso de estilo são fatores que definem o homem moderno.

Através da história, o conceito de ideal masculino foi redefinido inúmeras vezes. Por séculos, faraós, reis e czares emperiquitaram-se com peles e jóia, enquanto as classes baixas ralavam sem chance, vestidas em trapos comidos pelas traças. Os trajes e ambientes escandalosamente enfeitados daquela minoria eleita eram símbolos de status cuidadosamente criados para demonstrar superioridade social. Mas, no início do século vinte, muitas famílias reais da Europa caíram, e a grande distância entre o ter o o não ter começou a diminuir.

No decorrer do século vinte, Hollywood despejou ideais masculinos diversos, como Rudolph Valentino, Vlark Gable, Cary Grant e Marlon Brando. Cada um deles desempenhou um papel pioneiro na definição do ideal masculino de sua era. De uma forma mais subversiva, a música pop também fez sua parte, quando Elvis, os Beatles e David Bowie assustaram os conservadores da velha-guarda, em suas respectivas eras. Homens deixaram o cabelo crescer, mulheres queimaram os sutiãs, gays saíram do armário e sapatos de plataforma ajudaram a elevar o perfil das massas. E assim continua sendo.

Os metrossexuais famosos que podemos citar são: David Beckham, Brad Pitt, Adrien Brody, Lenny Kravitz, Patrick Rafter, Sean Combs, Ewan MacGregor, Guy Ritchie, Sting, Antonio Bandeiras, Jason Sehorn e Justin Timberlake).

Espero que estas palavras tenham ajudado a ampliar seus horizontes sem interferir em sua opção sexual ou masculinidade.

Texto do Bruno Divetta.

Moda para Homens

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