A sustentabilidade na moda, do céu ao inferno!

Vivendo você ou não de moda, o assunto interessa a todos. Aos acionistas da Petrobrás, ao Bolsonaro e, principalmente, às vitimas da última enchente no Rio. Falar de poluição, questões climáticas, preservação, conscientização e muito mais, interessa ao meu, ao teu e ao umbigo de todos. Principalmente nesse contexto globalizado em que vivemos e que nos mostra, dia após dia, que todos são um só.

A indústria têxtil seduz, encanta e reluz ouro sob o manto de lindos desfiles, muito luxo e puro glamour. O outro lado… Hum, o outro lado, você já conhece. O Greenpeace alardeia dia e noite, os noticiários não conseguem conter a podridão e nem mesmo as marcas conseguem passar ilesas. Tem sujeira por debaixo do tapete.

O Rana Plaza veio abaixo esfregando na nossa fuça de onde vem o que você usa. Não raros são os escândalos quase que anuais de escravidão no Brás, bem debaixo do nosso nariz. E quase nenhuma marca se salva (grande ou pequena). Zara, GAP, Burberry e assim poderíamos listar mais e mais. A linda e bela indústria da moda é vice-campeã em poluir e também gosta de um “escravinho”.

Já dizia Augusto dos Anjos: “A mesma boca que te beija é a que escarra”.

Pois bacana é doar migalhas aos pobres e necessitados, mas no fundo nós (indústria têxtil) que doamos somos os mesmos que criamos e mantemos esses níveis de pobreza. Aquele ditado de fazer o bem sem olhar a quem, não existe aqui. Queremos aparecer fazendo o bem só para mostrar, mas na hora H temos bem a consciência de que peças de $1 e $2 dólares não chegaram a esse custo à toa e se compramos é porque somos complacentes com a escravidão.

Do céu ao inferno. De um lado França e de outro a índia. Poderia ser EUA, Inglaterra, Itália e de outro Brasil, qualquer país do sudeste asiático ou sei lá. Mas é França e Índia porque os dois países representam muito bem esses dois extremos.

Pariiiii, a capital da moda e o berço da alta costura, sai mais uma vez na frente e, no início do ano, já lançou uma novidade. Quer ser a primeira capital sustentável da moda no Mundo. Em apenas 5 anos já quer que as iniciativas estejam em prática! Oloco, pouco tempo. Mas pode acreditar será o período em que a capital estará sediando os Jogos Olímpicos e os franceses querem implementar tal prática para ontem.

Com metas como: a criação de uma economia circular, a melhora do fornecimento e da rastreabilidade, e um super trabalho para tornar alguns processos mais sustentáveis, como distribuição, energia e comunicação. Esse é o plano e tudo isso já tem data para começar e já está ai. Julho deste ano. Uma salva de palmas a Paris e vamos aguardar.

Agora no limo da sociedade vem a Índia que, em alguns anos vai superar a China em população, mas que sofre mais com miséria e poluição como ninguém. Ué mas a Índia não é um dos países integrantes do BRICS que grita alta tecnologia? Tem esse lado mesmo, mas tem o outro também que mostra na pele o que é ser pobre.

Ainda colônia inglesa viu o setor têxtil se firmar no país. O quintal pobre da Inglaterra era logo ali na Ásia, Hoje a Índia virou o quintal pobre e sujo do Mundo. Do Mundo não, da moda. De lá saem retoques finais como bordados, pregas, costuras e colocações de botões que são pagos por míseros centavos e, pior, que crianças pagam o pato pelo que você veste, trabalhando horas e horas, recebendo migalhas (cents), sem ter a oportunidade de estudar, ou pior, sem receber. Sim, há casos que essas pessoas trabalham e ainda demoram meses para receber.

Tudo isso é conclusão de um estudo feito em cima da Índia e que foi revelado aqui no Brasil pelo site FFW. Por isso, não poderíamos deixar passar batido algo que acontece, mas nem todos tomam consciência. Não vamos ficar discorrendo sobre dados que você pode acessar aqui, mas perca 10 minutos, leia e se assuste porque a coisa é tão feia quanto os desastres das usinas de rejeito em Minas, triste para caramba e DESUMANA.

Não tem necessidade de pagar tão pouco por uma peça, sendo que ela não é vendida por preços baixos. Ah, e aquela historinha de “eu não sabia”. Não sabia do quê? Que era terceirizado e pagava isso? “Me Poupe Kerydo”. Enfim dá para mudar. Basta querer. É só tentar.

Na moda sabemos bem o que é Yin e Yang. São os extremos. Não é nem riqueza e pobreza. É miserabilidade e luxúria. Passado e futuro. Ainda bem que a França (especificamente Paris) enxergou que não dá para pensar sozinha e dá sim pra controlar todo o processo produtivo a ponto de gerenciar toda a cadeia produtiva. É o começo de uma nova era de gente fina, elegante e sincera. Merci Parriii. E espero que o vírus pegue e se espalhe, pois se todos fizerem igual esse sistema, não irá se sustentar e não teremos mais esses casos (descasos) com quaisquer populações do planeta. Ao se vangloriar pelas peças que compra, pelo menos reflita e tente se questionar de onde elas vêm, pois isso faz a diferença.

Diogo Rufino Machado

Ariano. Apaixonado por moda masculina e música eletrônica. Advogado. Jornalista de moda e blogueiro nas horas vagas.

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