A história da meia-calça para homens

Você já imaginou que a meia-calça era um acessório muito usado por homens antigamente?

Conheça a história da meia-calça, seus usos e suas revoltas.

OS PRIMÓRDIOS

No Ocidente, enrolar tiras finas de pele de animal em volta das pernas foi o primórdio da meia-calça moderna. Esse fenômeno entrou e saiu de moda por séculos até a meia-calça de tricô começar a fazer sucesso em meados do século XVI. Já os egípcios usavam meias de tricô por volta do século IV ou V a.C.: eles as envolviam no calcanhar mil anos antes dos ingleses tornarem a peça popular. Se para você isso não é a prova definitiva de que eles foram orientados por alienígenas, não sei o que mais pode te convencer.

Curiosidade: quando os saxões governaram a Inglaterra, um monge saxão foi proibido de celebrar a missa com as pernas de fora, então ele enrolava ataduras finas de linho branco ao redor delas. A essa altura, a autoridade romana já tinha atingido seu auge e colapso na Inglaterra. O clero em Roma, claramente formado por pervertidos desde sempre, usava meias-calça de seda.

MATERIAIS

Cem anos depois de Jesus morrer, os europeus começaram a usar pelo de animal em vez da pele para cobrir as pernas. O poeta e epigramatista M. Valerius Martialis falou sobre a “udo”, como era chamada: “Não vem da lã, mas sim da barba do bode. Seus pés encontrarão refúgio no tecido feito de pelo de bode”. Esse bode majestoso veio de um rio da África. A primeira meia-calça que não foi feita com pelo de bode veio de uma ovelhinha minúscula e peculiar da Floresta de Sherwood, que tinha a lã com os filamentos mais longos já vistos até então. A seda se tornou popular em 1560, quando a Rainha Elizabeth ganhou um par de meias compridas de seda fina. Ela gostou tanto delas que se recusou a usar qualquer outra coisa depois disso. Nas colônias inglesas na América, uma série de leis confusas restringia o comércio de lã, então encontraram cânhamo em pântanos e tricotaram as primeiras meias-calças americanas. Em 1939, a primeira meia-calça de nylon foi lançada para o mundo, e milhares de pessoas fizeram fila para comprá-las. Em pouco tempo, ninguém estava mais nem aí para a seda.

A CENA INDUSTRIAL DA MEIA

William Lee inventou a primeira máquina de tecer que produzia meias em 1589, o que basicamente erradicou as meias tricotadas à mão. Em 1811, a mecanização já havia substituído o artesanato quase que totalmente e, para completar, os fabricantes de meias cobravam aluguel dos tecelões para usar as máquinas. Até que resolveram acabar com isso: um grupo de trabalhadores furiosos – supostamente liderados pelo provavelmente mítico e inexistente Ned Ludd – se organizou na Floresta de Sherwood. Por um ano, eles atacaram máquinas de tecelagem com martelos em ondas de violência, destruindo os equipamentos em uma tentativa de acabar com a indústria e voltar a ganhar a vida com o artesanato. Assim nascia o movimento Ludista.

No dia dos namorados de 1812, o governo aprovou uma lei que punia com a morte quem quebrasse máquinas industriais. Com os artesãos baderneiros reprimidos, produzir uma meia-calça se tornou um processo de zilhões de partes, envolvendo contratos complicados para cada uma delas: costura, ligação, tecelagem e aluguel (das agulhas da máquina até o espaço onde ela ficava).

COR

De meados do século XIV até meados do século XVI, as meias eram ostentadas nos corpos masculinos como a plumagem de um pássaro bonito. Peças de seda, algodão, linho ou lã eram cortadas por alfaiates para se ajustar às pernas e coxas – curtas ou longas, largas ou justas, ou ornadas na parte de cima e ao redor dos tornozelos, em uma variedades de cores sem fim. Meias amarelas, assim como neve amarela, significavam problema, pelo menos de 1552 até mais ou menos 1600. Além de serem usadas por crianças inválidas no Christ’s Hospital, também faziam referência a confusão de gênero e até eunuquismo, graças à Noite de Reis do Shakespeare. Depois de 1550, a tendência de misturar e combinar as meias caiu em desuso, e de 1670 a 1680 os ingleses ficaram tão obcecados com vestimenta monocromática que as meias eram feitas sob medida e tingidas para combinarem com o resto da indumentária. No entanto, na Paris do século XVII meias finas ainda podiam ser adquiridas em 50 cores diferentes, cada uma com seu próprio rótulo: Desejo Sensual, Amigo Triste, Tempo Perdido, Pecado Mortal.

LEGISLAÇÃO

Ataduras para as pernas eram vistas como sinal de barbarismo na Roma do final do século III. Se você fosse pego usando meias, era punido com servidão eterna e o confisco de todas as suas posses. No entanto, em 100 anos as coisas mudaram. Em 1555, uma lei suntuária foi aprovada na Inglaterra decretando que ninguém além dos vereadores e prefeitos poderia usar meias de seda, sob a pena de multa de dez libras e encarceramento. Em 1656, a justiça de Massachusetts, Estados Unidos, ordenou que toda mulher e criança desocupada cujas mãos não estivessem quebradas deveriam trabalhar na fiação, muitas vezes de meias. Também nos Estados Unidos, no estado de Connecticut, o ato de um homem usar qualquer peça de vestuário feminino, incluindo meia-calça de tricô, se tornou ilegal em em 1796. Mas meias de couro – que eram basicamente charrões – estavam liberadas, certamente dando início à tendência do couro. Mas isso já é uma outra história.

Fonte: Revista Vice.

36 anos, taurino, blogueiro e músico nas horas vagas. Criou o MPH há 10 anos com o objetivo de trazer as principais novidades do universo da moda masculina para o homem que se importa com o que veste.
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Um comentário sobre “A história da meia-calça para homens

  1. Rapaz, fiquei curioso quando descobri isso na internet a alguns anos. Resolvi experimentar as femininas (pela inexistência das masculinas aqui no país). Primeiras impressões eram engraçadas. kkkk Fui experimentando as cores (preta, fumê, bege e tabaco). Conforme o tempo foi passando deixei de usar outra meia por cima. Foram experiências interessantes, levando em conta que rasgam super fácil. É engraçado a primeiro estante e diferente, mas vale.

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